
Distúrbios alimentares: quando o corpo fala o que as palavras não conseguem dizer
Muito além da comida
Distúrbios alimentares como anorexia, bulimia ou compulsão alimentar não são apenas questões sobre comida ou vaidade. Por trás do comportamento com o corpo e com a alimentação, muitas vezes existe um sofrimento psíquico profundo, difícil de nomear — e é justamente aí que a psicanálise pode ajudar.
O corpo como expressão do sofrimento
Na escuta psicanalítica, entendemos que o corpo nem sempre obedece à lógica racional. Ele expressa, através de sintomas, conflitos emocionais que não encontraram outra forma de se manifestar. O ato de recusar comida, de comer compulsivamente ou de purgar o que foi ingerido pode ser uma tentativa inconsciente de lidar com angústias, culpas, lutos ou sentimentos de inadequação.
Esses sintomas, em geral, não surgem de forma isolada. Eles estão ligados à história de cada sujeito, às exigências sociais, aos ideais de perfeição, às marcas da infância e aos vínculos afetivos. Muitas vezes, o corpo acaba sendo tratado como um objeto a ser corrigido, controlado ou punido — e não como parte de uma experiência subjetiva viva e em construção. A escuta analítica busca justamente recuperar esse corpo falante, que carrega sentidos e significados únicos para quem o habita.
Quando o corpo carrega o indizível
Muitas vezes, o corpo acaba sendo o palco onde se inscreve uma dor que não encontra palavras. O sofrimento se desloca para o corpo como uma forma de dizer algo que o sujeito ainda não consegue elaborar ou simbolizar.
A psicanálise não propõe receitas nem respostas prontas. O que ela oferece é um espaço de escuta, onde cada sujeito pode, pouco a pouco, entender o que está por trás do sintoma. É um trabalho que respeita o tempo de cada um e busca abrir caminhos para que o sofrimento possa ser transformado em algo menos destrutivo — e mais possível de ser vivido.
Reconstruir um outro modo de existir
Mais do que controlar o alimento ou o corpo, o que está em jogo nos distúrbios alimentares é o desejo de ter algum controle sobre a própria existência. O processo analítico convida o sujeito a se aproximar de sua história, de seus afetos e de seus conflitos, para que a dor não precise mais se expressar de forma tão silenciosa e solitária.
Se você se reconhece em alguma dessas experiências, saiba que você não está só. Existe um espaço possível para escutar essa dor — sem julgamento, com seriedade e cuidado.
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